O tapeceiro, pintor, escultor e gravador Norberto Nicola nasceu em São Paulo em 1931.
Sua formação começou na década de 50 no curso para professores de desenho da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP) e no Atelier-Abstração de Samson Flexor.
Ateliê Douchez-Nicola
Foi no Atelier-Abstração que Nicola conheceu Jacques Douchez com quem, eventualmente, fundaria o Ateliê Douchez-Nicola de tapeçaria.
Junto a Douchez, Nicola aprimorou suas técnicas de tapeçaria, enfim incorporando-as definitivamente ao seu trabalho artístico.
Uma grande influência para o trabalho da dupla foi a polonesa Magdalena Abakanowicz, que os dois conheceram durante a VIII Bienal de SP, em 1965.
Abakanowicz é conhecida pelos seus “Abakans”, título dado a uma série de trabalhos que a artista identificava como “situações têxteis”. Trata-se de estruturas tecidas, tridimensionais, com função unicamente artística.
O contato com essas obras certamente impulsionou a dupla a lançar o manifesto “Formas Tecidas”.
Formas Tecidas
Para criar o que chamavam de “formas tecidas” os artistas buscavam fugir do convencional através de conceitos modernistas, trazendo tridimensionalidade, assim como matérias primas menos convencionais.
Assim, a tapeçaria de Nicola e Douchez ganhava volume através de faixas e fitas que se entrelaçam e formam nós. Diferentes fibras são usadas para explorar texturas, elasticidade e tensão.
As cores usadas são intensas, bem como contrastantes, dando personalidade e movimento às obras.
No manifesto “Formas Tecidas” os artistas citam:
“A tapeçaria que busco afasta-se da ideia tradicional de uma representação plana. Criamos um objeto tecido. (…) A fibra e o tecido possuem um volume com qualidades próprias de tensão, elasticidade, comportamento, enfim, um lugar no espaço.”
Um marco para o mundo da arte
O encantamento de Nicola pela tapeçaria fez com que se empenhasse em abrir os olhos do universo artístico brasileiro para a arte têxtil.
Nicola foi o primeiro a expor um trabalho de tapeçaria na VII Bienal Internacional de SP, em 1963.
Além disso, Nicola foi idealizador e curador de inúmeras mostras e eventos, como por exemplo, a I Mostra de Tapeçaria Brasileira, em 1974, a Trienal de Tapeçaria, em 1976.
As obras de Nicola transbordam sua paixão pela arte têxtil, além de terem trazido uma abordagem inédita que conquistou o reconhecimento da tapeçaria como linguagem artística no Brasil.
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